Para onde fugiremos da tua face?

“Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante Ele?” (2 Samuel, 12.9a).

Davi, o ungido do Senhor, rei de Israel, grande guerreiro, de cuja fé falamos até hoje, é um dos maiores exemplos de como o Senhor trata com Seus amados filhos. Tal privilégio, porém, não o impediu de pecar. O versículo acima trata da reprimenda recebida por ele após ter providenciado a morte de Urias, soldado do seu exército, com o intuito de desposar a mulher deste, Bate-Seba. Contingência? Não. Puro escrutínio! Davi sabia o que estava fazendo, desejou o que fez, dispôs de tempo mais do que suficiente para arrepender-se eficazmente - isto é, antes do fato consumado -, mas ainda assim não quis fazê-lo. Resultado: ira divina. No caso acima, Davi só aprendeu quando seu primogênito - fruto da união com Bate-Seba - morreu, cumprindo o vaticínio do Senhor.

O que mudou desde Davi até os nossos dias? Nada. Deus Eterno é imutável, Seus desígnios, mandamentos, promessas, sanções, normas, misericórdia, Amor, Graça, etc, são imutáveis; sempre foram, são e sempre serão. Nada Lhe escapa. Há alguma coisa que possamos fazer ou pensar da qual Ele não tenha [prévio] conhecimento? “Senhor, Tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Para onde me ausentarei do Teu Espírito? Para onde fugirei da Tua face?” (Salmos, 139, 1-2, 7b).

Vários motivos podem nos levar a tropeçar e cair na nossa jornada cristã, mas esses não vêm ao caso. Nossas ações e os resultados delas vão determinar nosso futuro, de bênção ou castigo, na medida em que, durante todo o processo pecaminoso, desde a sua concepção até a infeliz consumação e eventual persistência - em se tratando de uma ação continuada -, estão sob o absoluto controle e observação do Pai Celeste.

Se porventura decidimos pecar e não nos arrependemos, mas pelo contrário, persistimos no pecado, um prejudicial processo de esfriamento do Espírito Santo se instalará dentro de nós, culminando na queda espiritual. Sintomas principais da queda: indiferença quanto aos sucessivos erros - o que pode nos conferir a falsa sensação de auto-suficiência -, relutância quanto ao arrependimento e volta ao status quo ante, e, embora pareça contraditório, incômodo, pela consciência racional - não espiritual - da situação de erro. Não nos iludamos: estabelecido tal quadro, a sanção é inevitável.

Mas e a queda, é inevitável também? Claro que não. Diante de sua iminência, e da possível falta de resistência à tentação, devemos clamar copiosamente ao Senhor, para que intervenha imediatamente e ajude a nos afastar dali. Só Ele pode nos socorrer, de maneira poderosa e eficiente. Contudo, nosso deve ser o primeiro passo. “Sobre mim pesa a Tua ira; Tu me abates com todas as Tuas ondas. Mas eu, Senhor, clamo a Ti por socorro, e antemanhã já se antecipa diante de Ti a minha oração.” (Salmos, 88.7,13), diria o consciencioso Davi. Ainda que não sintamos vontade, devemos clamar por misericórdia!

Sejamos sábios e não esperemos pela queda; ao menor sinal de fraqueza, corramos para os braços de Quem tem a Força e o Poder para nos livrar do pecado!

Em Cristo,

Ana Oliveira